Para quem pensa que modelo só lê um livro na vida (geralmente o mesmo das misses, O Pequeno Príncipe), Magra & Poderosa (Editora Intrínseca) é uma feliz surpresa. Além de escreverem com leveza e muito bom humor, as ex-modelos Rory Freedman e Kim Barnouin, foram tremendamente espertas ao apelar para um tema que hoje incomoda quase todo mundo (principalmente no país delas, os EUA): a obesidade. Mas não pense que é um livro com aquelas dietas milagrosas e com dicas apenas para os gordinhos. Longe disso. E as autoras mesmas admitem isso na última página: “Espere! Temos uma confissão a fazer. Na verdade, não damos a mínima para a magreza. Não se assuste nem se aborreça: você definitivamente vai emagrecer se adotar o estilo de vida Magra & Poderosa. Nossa esperança, porém, é que você se torne saudável. Não queremos que ninguém fique obcecada em emagrecer. Quando você se alimenta corretamente e se exercita, sente-se forte, saudável e confiante. Começa a gostar do próprio corpo – não porque emagrece – mas porque se sente bem. Você finalmente estará tratando seu corpo como o templo que ele é.”
Aí é que está a grande sacada das moças, uma das quais é mestre em nutrição: usam apelo de marketing baseado num problema atual (obesidade), mas propõem algo que vai além do emagrecimento puro e simples – a mudança do estilo de vida. E quer saber, deu certo.
Eu voltava de uma viagem e como ainda tinha algum tempo antes de tomar o ônibus para casa, visitei uma livraria em São Paulo. Me deparei com o Magra & Poderosa e, curioso (pois vi um splash amarelo na capa informando que o livro estava em primeiro lugar na lista dos mais vendidos do New York Times), dei uma olhada no sumário. Foi aí que vi que a obra era mais do que a capa apresentava. Mas a capa fisga. Comprei o livro, embarquei no ônibus e tentei impedir que alguém me visse lendo a obra – afinal, poderia parecer estranho um marmanjo enfiado numa leitura como essa (magra e poderosa). Mesmo assim, em um momento de vacilo, uma senhora e uma jovem olharam de soslaio para o livro. A capa e o título realmente fisgam, pensei.
Rory e Kim trabalham muito bem temas como o vegetarianismo, os problemas envolvidos no consumo de leite e ovos e a necessidade de abandonar “porcarias” (elas chamam assim mesmo) como refrigerantes, álcool e café. O capítulo “Carne podre” impressiona quase tanto quanto o documentário “A Carne é Fraca”, do Instituto Nina Rosa. Além de apontarem as desvantagens de uma dieta carnívora para a saúde, as autoras descrevem em detalhes o processo bárbaro de abate dos animais e apresentam o testemunho de pessoas que trabalharam em matadouros. Se você queria mais um empurrãozinho para deixar de comer cadáveres, aqui está um.
Rory e Kim dizem que não pararam de comer carne apenas para emagrecer. “Nós duas nos tornamos vegetarianas depois que ficamos cientes do tratamento dado aos animais nas fazendas.”
Magra & Poderosa me fez pensar também: esse é o tipo de livro que algum de nós, adventistas vegetarianos, deveria ter escrito. Mas não o fizemos. Não do jeito que elas fizeram. E por isso as "pedras" continuam clamando. Pessoas sem muita (ou nenhuma) motivação religiosa estão acordando para as vantagens de uma vida temperante e que respeita a criação.
Tá certo que as autoras volta e meia se referem à “Mãe Natureza” e usam alguns termos um pouco fortes (mas sinceros) e até apimentados. Tirando isso, a obra é dez!
(Michelson Borges, no blog www.criacionismo.com.br)
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