sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Desenhos animados e a autoimagem infantil

Quase metade das crianças entre 3 e 6 anos acompanhadas por uma pesquisa da Universidade da Flórida Central, EUA, disseram estar preocupadas com o fato de estarem gordas. Antes mesmo de começarem a frequentar a escola, muitas dessas meninas já se preocupam com a autoimagem. E quase um terço das entrevistadas mudariam sua aparência, como peso ou cor dos cabelos. O número de meninas com pouca idade insatisfeitas com seu peso deixou a pesquisadora Stacey Tantleff-Dunn preocupada. As implicações desse fato com o decorrer da idade podem indicar uma maior propensão para sofrer de transtornos alimentares no futuro.

Mas em seu estudo, publicado no British Journal of Developmental Psychology, Tantleff-Dunn sugere que apenas ver filmes com personagens magras e estereotipadas de princesas lindas pode não ter relação com a ansiedade infantil.

A conclusão contrastaria com diversos estudos que mostravam o inverso, ou seja, que a exposição a modelos magras e lindas na televisão ou no cinema poderia influenciar esse comportamento.

O problema está no tempo de exposição e no exemplo dos pais e colegas

Tantleff-Dunn explica que, apesar de não terem sido notadas influências à curto prazo da exposição a esse tipo de ideal de beleza, a superexposição à mídia onde esses modelos são repetidos exaustivamente pode, sim, influenciar como essas crianças percebem seus corpos. Mas isso pode, em grande parte, ser relacionado com o tempo que essas crianças ficam expostas à filmes e programas de TV.

A crítica e comentários dos pais, irmãos, primos e colegas também influenciam em como essas crianças percebem seu próprio corpo. Além disso, como as crianças vêem os pais como modelos de comportamento, a crítica ao próprio corpo por parte da mãe ou pai, por exemplo, pode influenciar o fato delas também se autocriticarem.

Crianças, inicialmente, incorporam a personalidade dos personagens

Na pesquisa, Tantleff-Dunn e sua equipe observaram dois grupos: um que assistia filmes clássicos com princesas e outro que assistiu desenhos animados com um viés mais didático.

Ao sairem das sessões as crianças eram apresentadas a um local onde havia fantasias diversas e convidadas a brincarem ou se vestirem como personagens que elas gostassem. As crianças de ambos os grupos gastavam o mesmo tempo em atividades que tinham a ver com a aparência – como pentear o cabelo na frente de um espelho.

O estudo, ao que tudo sugere, demonstrou que conversar com as crianças sobre os pontos positivos de seus próprios corpos, cabelo e cor de pele é algo que contribui mais com a autoestima – seja positivamente ou negativamente – do que necessariamente as mensagens explicitadas nos filmes.

As crianças, diz a pesquisadora, sabem que os personagens apresentados são fantasiosos, e que o corpo como o de Cinderella ou a pele de Branca de Neve não dizem respeito a elas. Nas brincadeiras as crianças entrevistadas tendiam a incorporar mais os maneirismos das personagens do que suas características físicas.

“Precisamos ajudar as crianças a enfrentar as imagens de beleza, particularmente no que diz respeito ao peso, e encorajá-las a questionar se a aparência é realmente importante”, diz Tantleff-Dunn. “Devemos ajudá-las a construir uma autoimagem positiva com uma visão plural sobre os atributos corporais.”

Nesse sentido o estudo indica que a presença de pessoas próximas conversando sobre o tema é mais importante do que necessariamente o que é apresentado às crianças. Elas, no final das contas, estão mais preocupadas em brincar.

(UOL)

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