Você sabe o que acontece no seu corpo quando você toma uma latinha de refrigerante, especialmente se ele tem grandes concentrações de cafeína na fórmula? Veja abaixo o caminho natural dessas substâncias e a resposta do seu organismo.
1. Após os primeiros minutos de ingestão. Dependendo da marca, um refrigerante de 600 ml pode ter, aproximadamente, o equivalente a 10 colheres (chá) de açúcar (a Associação Americana de Cardiologia recomenda que esse consumo seja de 9 colheres diárias para os homens e 6 para as mulheres). Essa quantidade de doce, tomada de uma só vez, seria o suficiente para sobrecarregar seu corpo e deixá-lo enjoado, porém, o ácido fosfórico contido nessas fórmulas corta parte do sabor do açúcar.
2. Após 20 minutos, aproximadamente. Há um pico de açúcar na sua corrente sanguínea e sua insulina – hormônio responsável pela redução da glicemia, a taxa de glicose no sangue, e que promove o ingresso de glicose nas células – vai às alturas. Seu fígado responde a isso queimando o açúcar disponível no organismo e – caso seu gasto calórico seja menor do que o consumo calórico – isso se transformará em gordura.
3. Após os 40 minutos. Se seu refrigerante preferido tem cafeína, ela foi toda absorvida. Sua pressão sanguínea está mais alta e como resposta seu fígado libera mais açúcar no seu sangue. Os receptores de adenosina – agora ligados à cafeína – não “enxergam” a real adenosina, um hormônio responsável pela diminuição do ritmo do corpo. Consequentemente você tem dificuldades para relaxar e os vasos sanguíneos do seu cérebro estão mais comprimidos (da mesma forma que ficariam caso você tivesse optado por uma xícara de café).
4. Após os 45 minutos iniciais. Seu corpo aumenta a produção da dopamina – um dos hormônios envolvidos na sensação de prazer. Fisiologicamente, o processo é muito similar ao que acontece com os usuários de cocaína. (leia mais AQUI e AQUI)
5. Após uma hora. O ácido fosfórico do refrigerante se liga ao cálcio que está no seu intestino. Isso, combinado com a cafeína, de acordo com um estudo de Heaney e Rafferty, pesquisadores da Universidade de Creighton, EUA, aumenta a excreção do cálcio via urina (a chamada calciúria). A hipocalcimia causada por refrigerantes também foi documentada por outros estudos (leia mais AQUI e AQUI).
6. Ao final da primeira hora, aproximadamente. A cafeína também tem propriedades diuréticas. Nesse momento, se você for ao banheiro, seu corpo vai passar excretar junto com a urina, uma parte do cálcio que deveria servir para manter seus ossos saudáveis, além de eletrólitos – cargas elétricas que facilitariam diversas funções celulares, incluindo as ligações entre os neurônios – e água.
7. Finalmente, após mais de uma hora. Nesse momento você já foi ao banheiro e mandou embora todas aquelas substâncias do refrigerante, junto com diversos minerais, eletrólitos e água. O pico de glicose está em uma curva descendente e seu corpo quer mais (afinal, isso ativa os centros de prazer no cérebro). Você começa a ficar irritado. Alguém pode sugerir que é hora de fazer uma pausa e ir à lanchonete tomar um refrigerante. O ciclo, então, recomeça.
“É claro que o tempo de absorção e excreção dessas substâncias pode variar de pessoa para pessoa”, observa Marcela Kotait, nutricionista do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Ambulim – IPq/HC-FMUSP). Fatores como peso, altura e se houve consumo alimentar junto com o refrigerante – entre outros – podem influenciar nessa dinâmica.
(O que eu tenho?)
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