
Há uma solidão básica, universal, nos seres humanos. Falta algo. A percepção dessa falta não é comum a todos. Não é fácil perceber isso. Pode assustar e doer. Quanto melhor se percebe tal solidão, e quanto mais ajuda se obtém para lidar com ela construtivamente, mais cedo se pode administrá-la e, assim, evitar atitudes destrutivas para tentar encobri-la, como compulsões, por exemplo. A resolução dessa solidão envolve dois níveis de atuação e de convivência. Um vertical e outro horizontal. É como a cruz, com os dois paus, um apontando para o alto e o outro para os lados, direito e esquerdo. Isso significa que o ser humano precisa de relacionamentos “horizontais”, ou seja, com outros seres humanos, e “vertical” com um Poder Superior bom, que eu chamo Deus.
A necessidade desses dois níveis de relacionamento não é algo para a pessoa decidir se precisa ou não. Ela precisa. A diferença é que muitos não sentem, não creem que necessitam. Não sentir e não crer não é a palavra final quanto à necessidade profunda do indivíduo. Melhorar a qualidade da vida afetiva é uma necessidade na relação horizontalizada. Por “vida afetiva” me refiro à compaixão pelas pessoas, empatia, sensibilidade, não-competitividade, compartilhar, expressar o afeto verbalizando-o, transmitindo-o em gestos também. Melhorar a intimidade afetiva é uma necessidade e isso não está relacionado com intimidade sexual obrigatoriamente. Muitos têm intimidade sexual mas não conseguem intimidade afetiva. Não conseguem amar. Só “transar”. “Transar” – ter relações sexuais – é o mais fácil num relacionamento. Agora, amar...
Talvez você tenha vivido perdas afetivas significativas em sua vida na infância e adolescência, chegando à vida adulta com dores emocionais e medo de novos relacionamentos íntimos. A frustração do passado, quando você tentou se aproximar e ter intimidade com pessoas afetivamente importantes em sua vida, pode ter causado uma barreira dentro de si mesmo contra novas relações íntimas. Ficou o vazio “horizontal”, nas relações humanas. E é preciso vencer isso, arriscar se abrir, não ter medo do medo da frustração e avançar, com simplicidade e prudência.
Vá com calma nos novos relacionamentos, mas vá. Evite colocar expectativas altas demais nas respostas afetivas das pessoas. Há pessoas confiáveis com quem você poderá se abrir. E as não confiáveis com quem você se relacionará com respeito, mas com alguma distância, dependendo da situação. É mais importante melhorar a qualidade da intimidade afetiva com poucos amigos, do que aumentar o número deles e permanecer superficial.
(Cesar Vasconcellos de Souza, www.portalnatural.com.br)
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