terça-feira, 21 de junho de 2011

Estresse é transmitido por gerações

Pais passam seus genes para filhos, que são iguais aos recebidos dos avós. Esse é o senso comum, mas, com o passar do tempo, o determinismo genético tem sido menos aplicado na medicina. Por outro lado, hábitos adquiridos e alterações causadas pelo ambiente são cada vez mais detectados. Comer muito fast food, fumar e levar uma vida estressante pode deixar marcas que serão carregadas por gerações. O organismo se adapta ao meio e isso é transmitido geneticamente para os descendentes. E não é só em questões físicas, mas também em predisposições genéticas para doenças, como o diabetes e o câncer, e suscetibilidade ao estresse. A epigenética, como é conhecido esse fenômeno, foi um dos temas do 7º Congresso Brasileiro Cérebro, Comportamento e Emoções, [de] 15 a 18 de junho, em Gramado, RS. “O DNA de uma pessoa é sempre o mesmo, mas ele possui marcadores que levam à diferenciação celular, por exemplo, o que indica que uma célula vira pele e outra, neurônio. E o ambiente também influência a expressão genômica”, explica o psiquiatra Marcelo Allevato. Os tais marcadores indicam ainda características comportamentais e cognitivas.

Segundo ele, doenças metabólicas, como diabetes, podem ser influenciadas pelos hábitos alimentares dos pais. Quem come muito açúcar e gordura pode ter alterações genéticas que vão determinar se seus filhos terão mais vulnerabilidade a esses ingredientes e doenças correlatas. Filhos de mães que já fumaram alguma vez na vida têm risco aumentado de câncer no pulmão e obesidade, também por mudanças na genética da mãe que são passadas para o filho.

Quando somos jovens o DNA tem mais plasticidade e por isso é mais suscetível a essas alterações, com o passar dos anos, certos trechos são inativados e outros são expressos de acordo com o ambiente.

“A Holanda é um dos países com maior estatura média da população. No pós-segunda-guerra, o país enfrentou falta de comida, e a população ficou mais baixa. Mesmo após algumas gerações bem alimentadas, a alta estatura demorou a voltar na maioria dos holandeses. Esse é um sinal de como o ambiente influenciou nas características genéticas”, conta Allevato.

O médico faz uma pergunta que cabe a todos nós: “Até que ponto vale a pena viver uma vida estressante e arcar depois com sequelas como diabetes, depressão, ansiedade e transtornos do sono?” Para ele, mesmo que por um pequeno período de tempo, o estresse pode acarretar danos para o resto da vida.

Uma pesquisa feita com mulheres grávidas durante os atentados do 11 de setembro no World Trade Center indicou que o estresse passado por elas passou para os bebês. Os níveis de cortisol (hormônio do estresse) eram baixos tanto nas mulheres que apresentavam transtorno de estresse pós-traumático quanto em seus filhos com menos de um ano.

“Percebemos que há uma mudança biológica, não sei se podemos atribuí-las à genética, mas com certeza algo foi programado diferente”, explica Rachel Yehuda, líder da pesquisa da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York (EUA).

Outro estudo, em Atlanta, analisou filhos de moradores de um bairro rico e de um pobre da cidade, e constatou que filhos do primeiro grupo apresentavam maior vulnerabilidade ao estresse e depressão.

(UOL Ciência e Saúde)

Nota: Isso coloca responsabilidade ainda maior sobre os ombros daqueles que pretendem ser pais. O estilo de vida que adotamos, além de trazer impactos positivos ou negativos sobre nós mesmos, vai afetar a vida dos nossos descendentes. Viver de acordo com a vontade de Deus é, também, lima prova de amor ao próximo – ao próximo filho, neto...[DB]

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